Ao olhar para o mundo minha sensação era de que já o conhecia em detalhes e com intimidade. Como se me batesse uma saudade. Uma vontade de retornar a cada canto e ver como estavam no tempo presente.
Sentia uma ânsia por reencontros. Reencontros esses que não eram tão claros sobre o que seriam.
Seriam pessoas? Lugares? Historias?
Talvez um pouquinho de cada um. Mas no fundo, ou acima de tudo, parecia ser um reencontro de essência, de alma.
Seria da própria alma? Ou de outras, muito próximas, que sentia de se unir outra vez? Seriam resgates? Talvez uma busca por recolher pedacinhos perdidos e devolver outros que já tinham cumprido seu papel?
Talvez as razões nem fossem tão importantes naquele momento. O mais importante fosse ir. Seguir o fluxo. Seguir o vento. Seguir o caminho por onde ele se apresentasse. Confiando e entregando-se ao Norte do meu próprio coração.
Muitos foram os lugares que vibraram em ressonância profunda comigo.
Londres, como primeiro destino no velho mundo despertou o sentimento de poder, de conquista e de expansão.
A Itália, como ponto de partida dos antepassados que imigraram ao Brasil, significou um (re)conhecimento de uma historia perdida.
O Egito com sua monumentalidade, trouxe o fascínio pelo inimaginável e pela grandiosidade da existência multidimensional.
A Libéria foi o salto definitivo pro mergulho no mundo e na essência. Foi a oportunidade de voar, de crescer e me (des)construir.
O Sudão do Sul trouxe o aviso de estar sempre alerta. A certeza de que agir do fundo do coração é a resposta e a única proteção pras armadilhas da vida.
Israel controversa e em constante conflito mostrou de forma muito impactante que dentro e fora são um só, e que muros aprisionam principalmente seu próprio construtor.
Petra monumental e sólida, reconectou com as rotas históricas das próprias veias.
A Alemanha, como conquista acadêmica, e troca de experiências entre colegas, mostrou que os problemas e dificuldades encontradas em cidades e países eram as mesmas pelo mundo. Onde estariam as soluções?
Barcelona chegou como oásis e alivio, para a alma voltar a se nutrir depois da contração e dos questionamentos.
Ruanda potencializou o desconforto. Fez a inconformidade sair para fora e virar ação de rompimento. Ali ficou atestada a certeza de um novo recálculo de rota.
O Nepal trouxe a nova perspectiva da proporção da existência. Cercada por cumes gigantes e gelados dos Himalaias, a proporção da vida tornou-se outra. Ao sentir-me Ser Finito e Infinito ao mesmo tempo, emergi na busca da compatibilidade de tais proporções dentro de mim.
A Índia, como berço de tantas filosofias antigas, desvendou a espiritualidade, potencializando o soltar de inúmeras amarras. Ali veio a clareza de que a vida se transforma através da mais profunda mudança interna. Ali a lógica da vida conectada ao extraordinário voltou a fazer sentido. Pontos de entendimento se conectaram. O despertar consciente começou a ganhar força e clareza.
Depois de tudo isso, o Brasil ganhou nova roupagem, nova imagem, nova vibração. O Brasil deixou de ser um pais, tornou-se um código de meu DNA. E códigos são programáveis. Códigos são mutáveis. O Brasil também.
Porto Alegre virou uma plataforma e não mais um destino. Viver foi (re)ssignificado. Quando o mundo, as historias, as pessoas, as memorias e as vivencias se interligaram e ganharam a permissão de se ativarem no meu âmago e essência, a mágica aconteceu. Ali os muros começaram a cair, as barreiras foram sendo removidas. Os desafios familiares viraram instrumento de autoconhecimento. As dores tornaram-se potenciais bênçãos. Os sintomas viraram os direcionadores dos próximos passos.
Só então a entrega começou a ser sincera.
Só então o caminho começou a ficar leve.
Só então a essência ganhou espaço para se manifestar na sua plenitude.
No desabrochar da essência, o invisível tomou seu lugar. A sutileza das energias e da vida assumiram seu papel de protagonistas. A lógica do coração venceu a razão e se entregou ao desconhecido. A jornada evolutiva segue. Mas agora mais leve, mais livre, mais autentica, no direção da expansão da consciência que liberta, de tudo aquilo que ainda não está livre.
2 respostas
Que linda jornada! Quantas camadas de significado. Que você continue a crescer e aproveitar o caminho, Ana.
Muito obrigada Bruna! :0) Aquece meu coração receber tua mensagem. bjs